quarta-feira, 20 de novembro de 2019

UM ALIADO CHAMADO TEMPO (Por Pedro Machado)

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Aguarde só um pouquinho mais, mas resista!
Há dias em que temos a sensação de que chegamos ao fim da linha. Não conseguimos vislumbrar uma saída viável para os problemas que surgem em grande quantidade. Com você não é diferente. Você também faz parte deste mundo cheio de provas e expiações. Desta escola chamada terra. E já deve ter passado por um desses dias, e pensado em desistir...

No entanto vale a pena resistir...Resista um pouco mais, mesmo que as feridas latejem e que a sua coragem esteja cochilando. Resista mais um minuto e será fácil resistir aos demais. Resista mais um instante, mesmo que a derrota seja um ímã... Mesmo que a desilusão caminhe em sua direção. 

Resista mais um pouco mesmo que os pessimistas digam para você parar... mesmo que sua esperança esteja no fim. Resista mais um momento mesmo que você não possa avistar, ainda, a linha de chegada... mesmo que a insegurança brinque de roda a sua volta. 

Resista um pouco mais, ainda que a sua vida esteja sendo pesada na balança dos insensatos, e você se sinta indefeso como um pássaro de asas quebradas. As dores, por mais amargas, passam... Tudo passa... A ilusão fascina, mas se desvanece... A posse agrada, porém se transfere de mãos... 

O poder apaixona, entretanto, transita de pessoa. O prazer alegra, todavia é efêmero. A glória terrestre exalta e desaparece. O triunfador de hoje, passa, mais tarde, vencido... Tudo, nesta vida, tem um propósito... A dor aflige, mas também passa. A carência aturde, porém, um dia se preenche. 

A debilidade física deprime, todavia, liberta das paixões. O silêncio que entristece, leva à meditação que felicita. A submissão aflige, entretanto fortalece o caráter. O fracasso espezinha, ao mesmo tempo ensina o homem a conquistar-se. 

A situação muda, como mudam as estações... O verão brinca de esconde-esconde com a brisa morna, mas cede lugar ao outono, que espalha suas tintas sobre a folhagem. O inverno chega e, sem pedir licença, congela a brisa e derruba as folhas. Tudo parece sem vida, sem cor, sem perfume... Será o fim? Não! 

Eis que surge a primavera e estende seus tapetes multicoloridos, espalhando perfume no ar e reverdecendo novamente a paisagem... Assim, quando as provas lhe baterem à porta, não se deixe levar pelo desejo de desistir... resista um pouco mais. Resista, porque o último instante da madrugada é sempre aquele que puxa a manhã pelo braço... E essa manhã bonita, ensolarada, sem algemas, nascerá para você em breve, desde que você resista. 

Resista, porque alguém que o ama está sentado na arquibancada do tempo, torcendo muito para que você vença e ganhe o troféu que tanto deseja: a felicidade...  Não se deixe abater pela tristeza. Todas as dores terminam. Aguarde que o tempo, com suas mãos cheias de bálsamo, traga o alívio. 

A ação do tempo é infalível, e nos guia suavemente pelo caminho certo, aliviando nossas dores, assim como a brisa leve abranda o calor do verão. Mais depressa do que supõe, você terá a resposta, na consolação de que necessita. Por tudo isso, resista... e confie nesse abençoado aliado chamado tempo. Pense nisso, e no mais vamos que vamos, ETA nóis.

SUPERANDO ADVERSIDADES (Por Pedro Machado)

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A capacidade do ser humano de superar adversidades é inacreditável. E certos exemplos nos levam a acreditar que o ser humano ainda não descobriu tudo de que é capaz. Também nos servem de exemplos para nossas próprias vidas. 

A vida do pianista João Carlos Martins. Começou a estudar piano aos 8 anos de idade. Após 9 meses de aula vencia, com louvor, o concurso da Sociedade Bach de São Paulo. Um prodígio. Rapidamente ele desenvolveu uma carreira de pianista internacional. Tocou nas principais salas de concerto do mundo. Dedicou-se à obra de Bach. 

No auge da fama, sofreu um grande revés. Jogando futebol, sua outra paixão além da música, caiu sobre o próprio braço. O acidente o privou dos movimentos da mão. Para qualquer pessoa, uma tragédia. Para ele, um desastre total. 

Mas não se deu por vencido. Submeteu-se a cirurgias, dolorosas sessões de fisioterapia, injeções na palma da mão. E voltou ao piano e às melhores salas de concerto. Com dor e com paixão. Mas a persistência de Martins voltaria a ser testada. Anos depois, vítima de um assalto na Bulgária, foi violentamente agredido. Como consequência, teve afetado o movimento de ambas as mãos. 

Para recuperar as suas ferramentas de trabalho, voltou às salas de cirurgias e à fisioterapia. Conseguiu voltar ao amado piano mais uma vez. Finalmente, em 2002, a sequela das lesões venceu. A paralisia definitivamente dominou suas duas mãos. Era o fim de um pianista. Afastou-se do piano, não da sua grande paixão, a música. 

Aos 63 anos de idade, ele foi estudar regência. Dois anos depois regeu a Orquestra Inglesa de Câmara, em Londres. Em um concerto, em São Paulo, surpreendeu outra vez. Regeu a Nona Sinfonia de Beethoven, totalmente de cor. 

Ele precisou decorar todas as notas da obra por ser incapaz de virar a página da partitura. A plateia rompeu em aplausos. Mas João Carlos Martins ainda tinha mais uma surpresa para o público, naquela noite. Pediu que subissem um piano pelo elevador do palco. E, com apenas três dedos que lhe restaram, ele tocou uma peça de Bach. 

A Ária da Quarta Corda foi originalmente escrita para violino. É uma peça musical em que o violinista usa apenas a corda sol para executar a bela melodia. Bom, Martins a executou ao piano com três dedos. E, embora não fosse a sua intenção, a impressão que ficou no ar é que todos os presentes se sentiram muito pequenos ante a grandeza de João Carlos Martins. Creio eu que como Martins, existem muitos exemplos. 

Criaturas que têm danificado seu instrumento de trabalho e dão a volta por cima, não se entregando à adversidade. Recordamos de Beethoven, compositor, perdendo a audição e, nem por isso deixando de compor. 

De Helen Keller, cega, surda, muda se tornando a primeira pessoa com tripla deficiência a conseguir um título universitário. Tornou-se oradora, porta-voz dos deficientes, escritora. Pense nisso e não se deixe jamais abater porque a adversidade o abraça. Pense: você a pode vencer. Vença-a. E no mais, vamos que vamos, ETA nóis.

terça-feira, 5 de novembro de 2019

DINHEIRO, SEXO E PODER (Por Pedro Machado)


A nossa sociedade gravita em torno de 3 eixos(Dinheiro, Sexo e Poder). Muito poucos são os que não se deixam cair em nenhuma das reais tentações do aparente. 

O culto destas dimensões imediatas da identidade remete para planos secundários todas as categorias interiores que a estruturam e consubstanciam, dispensando ponderação e reflexão, abrem alas a uma preguiça estranha que se contenta com o superficial. Quase uma animalidade consentida, mas sem sentido. 

O dinheiro é o que parece mover com mais eficácia o mundo, o que diz mais do mundo do que das contas bancárias. Quantificação simples de um tipo de sucesso que explora mais do que eleva, o dinheiro não se torna; nem mesmo em quantidades desproporcionadas, numa riqueza, uma vez que a riqueza será o que dignifica e engrandece, jamais o seu contrário. 

O sexo, fazendo parte da vida, não é, contudo o mais importante. O hábito consome-se com tremenda rapidez, e o corpo é apenas uma ínfima parte do que somos o albergue temporário de uma interioridade composta por tantas vezes, tenebrosas podridões, vulgaridades comuns e, por vezes também, belezas indescritíveis. Felizmente, o ser humano é capaz de ver para bem mais longe do que a vista alcança, e ver o outro através do seu corpo. 

O poder atrai e corrompe, muito antes de ser atingido. Promete o que há de melhor pela amplificação da liberdade, mas como não dá nunca o discernimento essencial às escolhas que determinam os passos que nos aproximam da felicidade, ilude enquanto afoga quem se julga por ele abraçado. 

Dinheiro, sexo e poder são promessas vãs. Chegam a conjugar-se a fim de escravizar mais eficazmente quem parece amar a sua própria desgraça. São muitos os que desperdiçam a sua única vida em busca do que não presta. É sempre trágico, mas não deixa de ser justo. Se você busca só isso na sua vida, reflita. E no mais vamos que vamos, ETA nóis.

NIRVANA (Por Pedro Machado)

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NIRVANA (Por Pedro Machado)
Conta-se que um homem de negócios, após longos anos de trabalho árduo, conseguiu ajuntar significativa fortuna. Todavia, o grande empresário, apesar de todo o dinheiro que possuía, sentia-se infeliz. Desejava a felicidade, mas um grande vazio lhe perturbava a alma e as tribulações das horas lhe roubavam a paz.

Um dia, ouviu falar da existência de um velho sábio conhecedor de regras eficientes para quem deseja ser feliz. O executivo não teve dúvidas. Muniu-se dos recursos necessário e saiu a procurá-lo. Após longa e exaustiva busca, chegou ao lugarejo onde residia o tal sábio. Algumas informações a mais, e lá estava ele, frente a frente com o ancião.

A expectativa era tanta que ele foi direto ao assunto. "Ouvi dizer que o senhor sabe a receita para se conquistar a felicidade, e o que mais desejo é ser feliz, pode me ajudar?" Perguntou ansioso. Bem, respondeu o sábio, na verdade as regras são muito simples. A primeira delas é prestar atenção. A segunda, é prestar atenção.

E a terceira e última é prestar muita atenção. O executivo pensou que ele só podia estar brincando, mas depois de ouvir algumas considerações, foi mudando de idéia. O ancião falou com sabedoria: "quem presta atenção em tudo o que acontece nos minutos de sua vida, consegue ser feliz." - Preste atenção no que as pessoas lhe dizem. Saiba ouvi-las com serenidade, buscando ajudar na medida do possível. - Ao fazer uma refeição, aproveite bem o momento.

Preste atenção nos alimentos que ingere, sinta o seu sabor. - Preste atenção em tudo à sua volta... - Olhe com atenção uma noite enluarada, um amanhecer de ouro... - Contemple, com atenção, um jardim que explode em perfumes e cores... - Uma cascata estirada sobre a montanha rochosa... - Observe com atenção um bando multicor de aves cruzando os ares... Ouça atentamente o canto de um pássaro solitário... -

Preste atenção na chuva que cai abençoando o solo. Imagine os lençóis d’água no subsolo, espalhando fertilidade e vida... - Detenha-se a observar o trabalho das formigas, sua organização, sua perseverança. - Acompanhe com atenção o desabrochar de uma rosa... sinta o seu perfume. - Enfim, observe atentamente os pequenos "nadas" ao seu redor. -

Em pouco tempo você perceberá que há muito mais coisas boas do que ruins, e isso o fará feliz. Depois de ouvir atentamente os conselhos do velho sábio, o empresário já estava se sentindo mais alegre e disposto a lutar pela felicidade tão almejada.

Então queridos amigos e amigas, pensemos nisso! As horas são abençoadas oportunidades de aprendizado e alegria. Mas, embora elas se repitam incessantemente, os minutos já não são os mesmos e as circunstâncias mudam a cada segundo. Dessa forma, a cada hora temos sessenta minutos para encontrar motivos de felicidade, basta que prestemos muita atenção em cada um deles, sem esquecer que a nossa atenção deve voltar-se para as coisas realmente positivas. Pense nisso! E no mais, vamos que vamos, ETA nóis.

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

OPINIÃO ALHEIA (Por Pedro Machado)

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"Você se importa com a opinião que os outros têm a seu respeito?"
Se a sua resposta for não, então você é uma pessoa que sabe de si mesma. Que se conhece. É auto-suficiente. No entanto, se a opinião dos outros sobre você é decisiva, vamos pensar um pouco sobre o quanto isso pode lhe ser prejudicial. 

O primeiro sintoma de alguém que está sob o jugo da opinião alheia, é a dependência de elogios. Se ninguém disser que o seu cabelo, a sua roupa, ou outro detalhe qualquer está bem, a pessoa não se sente segura. 

Se alguém lhe diz que está com aparência de doente, a pessoa se sente amolentado e logo procura um médico. Se ouve alguém dizer que está gordo, desesperadamente tenta diminuir o peso. Mas se disserem que é bonito, inteligente, esperto, ele também acredita. Se lhe dizem que é feio, a pessoa se desespera. Principalmente se não tem condições de reparar a suposta feiúra com cirurgia plástica, rsrsrs. 

Existem pessoas que ficam o tempo todo à procura de alguém que lhes diga algo que as faça se sentir seguras, mesmo que esse alguém não as conheça bem. Há pessoas que dependem da opinião alheia e se infelicitam na tentativa de agradar sempre. 

São mulheres que aumentam ou diminuem seios, lábios, bochechas, nariz, para agradar seu pretendido. Como se isso fosse garantir o seu amor. São homens que fazem implante de cabelo, modificam dentes, queixo, nariz, malham até à exaustão, para impressionar a sua eleita. E, quando essas pessoas, inseguras e dependentes, não encontram ninguém que as elogie, que lhes diga o que desejam ouvir, se infelicitam e, não raro, caem em depressão. 

Não se dão conta de que a opinião dos outros é superficial e leviana, pois geralmente não conhecem as pessoas das quais falam. Para que você seja realmente feliz, aprenda a se conhecer e a se aceitar como você é. Não acredite em tudo o que falam a seu respeito. 

Não se deixe impressionar com falsos elogios, nem com críticas infundadas. Seja você. Descubra o que tem de bom em sua intimidade e valorize-se. Ninguém melhor do que você para saber o que se passa na sua alma. Procure estar bem com a sua consciência, sem neurose de querer agradar os outros, pois os outros nem sempre dão valor aos seus esforços. 

A meditação é excelente ferramenta de auto-ajuda. Mergulhar nas profundezas da própria alma em busca de si mesmo é arte que merece atenção e dedicação. Quando a pessoa se conhece, podem emitir dela as opiniões mais contraditórias que ela não se deixa impressionar, nem iludir, pois sabe da sua realidade.

Nesses dias em que as mídias tentam criar protótipos de beleza física, e enaltecer a juventude do corpo como único bem que merece investimento, não se deixe iludir. Você vale pelo que é, e não pelo que tem ou aparenta ser. A verdadeira beleza é a da alma. 

A eterna juventude é atributo do Espírito imortal. O importante mesmo é que você se goste. Que você se respeite. Que se cuide e se sinta bem. A opinião de alguém só deve fazer sentido e ter peso, se esse alguém estiver realmente interessado na sua felicidade e no seu bem-estar. 

Pense nisso! Nenhuma opinião que emitam sobre você, deve provocar tristeza ou alegria em demasia. Os elogios levianos não acrescentam nada além do que você é, e as críticas negativas não tornarão você pior. Busque o autoconhecimento e aprenda a desenvolver a auto-estima. 

Mas lembre-se: seja exigente para consigo, e indulgente para com os outros. Eis uma fórmula segura para que você encontre a autoconfiança e a segurança necessárias ao seu bem-estar efetivo. E jamais esqueça que a verdadeira elegância é a do caráter, que procede da alma justa e nobre. Pense nisso, e liberte-se do jugo da opinião dos outros. E no mais vamos que vamos, ETA nóis.

domingo, 3 de novembro de 2019

REFORMA INTRÍNSECA (Por Pedro Machado)

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Reforma social, qual seriam as bases? Primeiramente precisamos fazer uma reforma íntima. Vivemos a era do desenvolvimento científico e dos avanços tecnológicos. No entanto, embora a satisfação e o conforto que os avanços proporcionam para a vida material, não conseguem preencher o vazio da alma. 

O homem aspira qualquer coisa de superior, sonha com melhores instituições, deseja a vida, a felicidade, a igualdade, a justiça para todos. Mas, como atingir tudo isso com os vícios da sociedade e, sobretudo, com o egoísmo imperando? 

O homem sente a necessidade do bem para ser feliz e compreende que só o bem pode lhe dar a felicidade pela qual aspira. Mas, como ocorrerá isso? Ora, se o reino do bem é incompatível com o egoísmo, é preciso que o egoísmo seja destruído. Mas, o que pode destruí-lo? 

A predominância do sentimento do amor, que leva os homens a se tratarem como irmãos e não como inimigos. A caridade é a base, a pedra angular de todo edifício social. Sem ela o homem construirá sobre a areia. Assim sendo, se faz urgente que os esforços e, sobretudo os exemplos de todos os homens de bem, a difundam. 

Mas como exemplificar o bem num meio corrompido pela maldade, a violência, a falta de amor? Está nos desígnios de Deus que, por seus próprios excessos, as más paixões se destruam. O excesso de um mal é sempre o sinal de que chega ao seu fim. No entanto, sem a caridade o homem constrói sobre a areia. 

Um exemplo torna isso compreensível. Alguns homens bem intencionados, tocados pelos sofrimentos de uma parte de seus semelhantes, supuseram encontrar o remédio para o mal em certas doutrinas de reforma social. 

Vida comunitária, por ser a menos custosa; comunidade de bens para que todos tenham a sua parte; nada de riquezas, mas, também, nada de miséria. Tudo isso é muito sedutor para aquele que, não tendo nada, vê, antecipadamente, a bolsa do rico passar ao fundo comunitário sem cogitar que a totalidade das riquezas, postas em comum, criaria uma miséria geral ao invés de uma miséria parcial. 

Que a igualdade, estabelecida hoje, seria rompida amanhã pela mobilidade da população e a diferença entre aptidões. Que a igualdade permanente de bens supõe a igualdade de capacidades e de trabalho. Mas a questão não é examinar o lado positivo e o negativo desses sistemas. 

O fato é que os autores, fundadores ou promotores de todos esses sistemas, sem exceção, não visaram senão a organização da vida material de uma maneira proveitosa a todos. A finalidade é louvável, indiscutivelmente. Resta saber se, nesse edifício, não falta a base que, só ela, poderia consolidá-lo, admitindo-se que fosse praticável. 

A vida comunitária é a abnegação mais completa da personalidade. Ora, o móvel da abnegação e do devotamento é a caridade, isto é, o amor ao próximo. Um sistema que, por sua natureza, requer para sua estabilidade virtudes morais no mais supremo grau, haveria que ter seu ponto de partida no elemento espiritual. 

Pois muito bem, ele não o leva absolutamente em conta, já que o lado material é a sua finalidade exclusiva. Isso quer dizer que são enfeitadas com o nome da fraternidade, mas a fraternidade, assim como a caridade, não se impõe nem se decreta, é algo que existe no coração e não será um sistema que a fará nascer. 

Ao mesmo tempo em que isto ocorre, o defeito antagônico à fraternidade arruinará o sistema e o fará cair na anarquia, já que cada pessoa quererá tirar para si a melhor parte. A experiência aí está, diante de nossos olhos, para provar que eles não extinguem nem as ambições nem a cobiça. 

Os homens podem fundar colônias sob o regime da fraternidade tentando fugir ao egoísmo que os esmaga, mas o egoísmo seguirá com eles como vermes roedores. E lá, onde se acham, haverá exploradores e explorados, se lhes faltar a caridade. 

Por todas essas razões é que nunca haverá reforma social que se sustente em sistemas que não levem em conta o elemento espiritual. É incontestável que antes de fazer a coisa para os homens, é preciso formar os homens para a coisa, como se formam obreiros, antes de lhes confiar um trabalho. Pensemos nisso! E que o egoísmo saia de nossos corações. E no mais vamos que vamos, ETA nóis.