sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Brasil de todos nós Brasileiros


Ninguém lê os poetas, mas raros são os brasileiros que não conhecem a "Canção do exílio" do poeta maranhense Antônio de Gonçalves Dias. O poema representou, para o seu autor, um momento de grave dor e nostalgia. 

Em 1838, o maranhense havia partido para Portugal, decidido a se matricular na Universidade de Coimbra. Estava há quase cinco anos distante do Brasil, e quase adaptado à flora e à fauna européia. Diz-se quase, porque a distância começou a lhe corroer a alma. 

Certo dia, ao se reportar à balada Mignon, de Goethe, encontrou algo como: Conheces o país das laranjeiras? Para lá quisera eu ir! Retornaria ao Brasil em 1846, ano em que publicaria seu poema em sua obra de estréia, Primeiros cantos.

É sempre importante poder voltar a estudar tal peça literária, jamais com a intenção de banalização pelo insistente repetir, mas, sim, buscando aprender com suas belas reflexões nostálgicas: 

Minha terra tem palmeiras,  Onde canta o sabiá; 

As aves que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. 

Muitas vezes só aprendemos a valorizar o que temos, quando perdemos, ou nos afastamos daquilo em questão. 

Bens, lugares, pessoas, rotinas... Quando estamos mergulhados na experiência com cada uma delas, quase sempre nos falta à valorização necessária do que já possuímos. 

Alguns de nós precisamos, algumas vezes, ficar distantes de familiares para descobrir o quanto são importantes para nós. 

Alguns filhos acabam precisando ficar distante dos pais por algum tempo, para reconhecer seu valor, seu amor profundo por eles. 

Alguns pais reconhecem apenas a falta que fazem os filhos, quando esses batem as asas na maturidade, e iniciam a construção de novos lares. 

Gonçalves Dias precisou estar distante de seu país, para reconhecer sua grandiosidade. 

Nesses dias de tantas críticas ao nosso país natal; nesses tempos em que se desenvolveu o vício de falar mal sempre, sem o compromisso da crítica construtiva, educadora, é necessário pensar um pouco. 

O literato brasileiro continua, em sua obra, dizendo: 

Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, 

Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores. 

Não há ufanismo pernicioso aqui, apenas a recordação de que precisamos valorizar mais o país onde tivemos a felicidade de reencarnar. 

As leis maiores do Universo nos revelam que não nascemos aqui por acaso. Temos papel importante a cumprir nas engrenagens sociais e morais terrenas. 

Amar o Brasil não significa elevá-lo acima dos outros. Não há necessidade de comparação para explicar o amor. 

Amar o Brasil significa fazer tudo, fazer a nossa parte, com desvelo e abnegação, na construção de uma sociedade melhor. Pensemos nisso, e no mais vamos que vamos, ETA nóis.

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